Me surpreendi com o som e trabalho lírico da banda Mortal Ways, abordando temas que gosto bastante, como ufologia e ficção-cientifica, por exemplo. O trio apresenta um Death Metal competente, e mais uma vez me deparo com uma banda extremamente profissional, e fico feliz por saber que ainda existem pessoas que levam o underground a sério e se preocupam em trazer uma brisa de novidades, na medida do possível, para um estilo que já possui tantas bandas "batidas", que é o Death Metal. Confiram o papo com os integrantes, Gustavo (guitarra, baixo e demais instrumentos) e Flávio (vocais), complementando a banda temos Ronaldo Alves, nas guitarras.
Rock Borders: A junção de nomes como War Eternal e Kingdom of Maggots não poderia nos proporcionar qualquer coisa, dado a qualidade das bandas supracitadas. Gustavo, em 2019 você teve a iniciativa de criar a banda Mortal Ways, com temas interessantes e inovadores, e uma gama de influências musicais de tirar o fôlego, nomes como Hypocrisy, Deicide, entre outros. Nos conte um pouco como foram os passos iniciais para a criação da banda, e como chegou a Flavio Diniz para completar a parceria.
Gustavo: Em 2018 o War Eternal acabou ficando sem vocalista e baterista e a banda deu uma parada nos ensaios, logo após isso montei um home-studio e comecei a compor várias músicas, inclusive material do War Eternal que não foi lançado. Como tinha essa dificuldade com o War Eternal de reunir o pessoal pra gravar, acabei pensando em montar um outro projeto, onde optei por fazer todos os instrumentos, baixo, guitarra e programar a bateria, isso já na metade de 2019, então comecei a procurar um vocalista, convidei algumas pessoas, e felizmente lembrei do Flávio. Não o conhecia pessoalmente mas conhecia o trabalho dele na banda Kingdom of Maggots de Leme/SP, achava o trabalho dele no vocal incrível e muito versátil, ele fazia vocais rasgados e guturais muito bem feitos. Entrei em contato com ele através do facebook, enviei na época 2 sons prontos, as duas primeiras musicas do nosso primeiro álbum, (mas já tinha o "esqueleto" de várias músicas aqui), ele curtiu e aceitou entrar para o projeto, onde expliquei pra ele que não gostaria de falar de assuntos batidos no Death Metal, daí acho que passei três temas, guerras, terror e alienígenas, e chegamos num acordo que alienígenas seria o melhor tema a ser explorado. E como ele também é um grande letrista, explorou dentro do tema mais assuntos, como ficção e ciência, um trabalho realmente que veio para complementar as músicas de forma bem eficiente.
Rock Borders: O vocal de Flavio me lembra muito o timbre dos vocalistas norte-americanos Chris Barnes (Six Feet Under), e Glenn Benton (Deicide) que são dois de meus cantores favoritos, diga-se de passagem, e a sonoridade do primeiro disco (auto-intitulado) num quesito geral, impressiona pela qualidade, tanto de composição, quanto de produção. Como foi o processo de concepção desse trabalho?
Gustavo: Fiz todas as músicas, aqui no meu home studio, como já comentei e enviei para o Flávio. Geralmente já tinha uma vaga idéia das linhas vocais também, daí ele fez todas as letras e completou as linhas vocais. Quase no final do processo resolvi convidar um amigo aqui da cidade de Rio Claro/SP, para fazer os solos, o Ronaldo Alves, um dos melhores guitarristas aqui da região. Ele topou e fez quatro dos solos do primeiro album. Quanto à produção, guitarras, baixo e bateria, foram gravados aqui no home studio e o Flávio gravou num estúdio mesmo em Araraquara/SP. Depois juntamos tudo, mixei e masterizei os sons, enviei para os caras e todo mundo aprovou, foi onde soltamos primeiramente nas plataformas digitais.
Rock Borders: Por quais selos/distros o debut do Mortal Ways foi lançado, e como foi a aceitação do trabalho pela mídia e público em geral?
Flávio: Inicialmente nós lançamos o album em todas as plataformas de streaming. O primeiro selo que lançou nosso album em formato físico foi o chinês "Thanatology Productions". Algum tempo depois, no segundo semestre de 2020, o album foi lançado aqui no Brasil também, através de uma parceria com quatro selos nacionais. "Ihell’s Productions", "Metal Mania", "Tales From The Pit Records" e "Kaotic Records". Tanto os selos nacionais quanto o chinês foram cruciais para divulgarmos nosso trabalho para o público headbanger. Somos muito gratos por essa parceria.
A aceitação tem sido excelente até o momento. Recebemos ótimas críticas e resenhas da mídia especializada sobre nossos trabalhos e a resposta do público também tem sido muito gratificante. Ainda sobre os lançamentos, o pessoal da "Thanatology Productions" também lançou o nosso EP em formato físico. Por uma questão de logística, estamos prestes a receber as primeiras cópias.
Mortal Ways |
Flávio: A ideia sobre abordar temas ufológicos e alienígenas nas letras foi do Gustavo mesmo, como ele comentou antes. No início foi um desafio pra mim, por ser um tema que eu nunca havia abordado em composições no Kingdom of Maggots. Mas passei a pesquisar mais o tema e até voltei a assistir alguns filmes clássicos para buscar inspiração. Acabou sendo um tema bastante divertido de compor. Quando fiquei mais seguro nas composições, passei a arriscar um pouco mais e inserir um pouco de ciência também, que é uma área que gosto muito. Então, nas letras, você encontra alienígenas, OVNIs, ciência e ficção científica. As inspirações são diversas, mas no álbum de estréia certamente posso citar alguns filmes como: Contato, Intrusos, Fogo no Céu, Guerra dos Mundos e até alguns casos brasileiros, como a Operação Prato, que originou a letra de “Operation Saucer” e "A Noite Oficial dos OVNIs", que, obviamente é retratada em “Official UFO’s Night”. São casos muito interessantes e até folclóricos, de certa forma. Mexeram muito com a imaginação da população quando ocorreram.
Rock Borders: Falando agora sobre o EP "Enslavement Pandemic", podemos notar um grande salto na sonoridade de banda, que incluiu diversos elementos que o primeiro disco não apresentava, mas sem deixar que as características fundamentais do Mortal Ways ficassem eclipsadas. O vocal apresenta uma maior variedade de timbres guturais, e o trabalho instrumental também acontece com muito mais variedade. Sendo um disco imersivo, talvez pelo quesito lírico, que é conceitual, e também pela adição de vinhetas, "intros/outros" somadas as canções, que criam uma atmosfera bem única e interessante ao trabalho. Vocês poderiam nos falar sobre esse salto na sonoridade da banda?
Gustavo: Penso que foi uma evolução natural, nosso entrosamento agora é maior, fomos amadurecendo melhor as idéias e sempre conversando sobre como melhorar os sons, o Ronaldo Alves também acabou participando mais dos sons, fez todos os solos, fez um arranjo bem legal para o som "Troianasviridae", que é um dos sons mais ouvidos hoje em dia nas plataformas digitais.
Flávio: O entrosamento foi bem legal desde o começo. Mas ao passo que vamos nos conhecendo melhor, as composições vão tomando outros rumos, amadurecendo e consolidando uma identidade da banda. O EP tem essa evolução natural, como disse o Gustavo e, com certeza, o próximo album terá ainda mais mudanças. Estamos gostando muito do que vem saindo. Esperamos que todos gostem.
Rock Borders: Como foi a ideia de fazer um EP conceitual? Flávio, sob suas palavras como você descreveria a história que se passa através do Death Metal intrincado e inteligente de "Enslavement Pandemic"?
Flávio: Muito obrigado pelo elogio. As letras do EP seguem o gênero de ficção científica/terror espacial. Um filme de 2017 chamado “Vida” foi uma das principais inspirações para as letras. Mas também tem um pouco de realidade no EP. Um acidente com uma sonda espacial israelense que carregava uma biblioteca biológica se chocou contra a lua na tentativa de um pouso. Eram seres microscópicos, mas um dos seres, conhecido como Tardígrado, é um bicho extremamente resistente. Existem espécies capazes de sobreviver à altos níveis de radiação, calor e frio extremo e até mesmo ao vácuo do espaço e eles podem sobreviver sem água e comida por décadas, ficando em uma espécie de hibernação, chamada de criptobiose. "Cryptobiosis" é o nome da faixa que abre o EP. Então, usamos esse caso como inspiração e criamos a nossa própria história de ficção científica. O pessoal sempre pergunta se o EP faz referência ao Coronavírus, mas não. A história toda parte desse ponto e fala sobre uma pandemia que dizima a humanidade. É tudo uma ficção sem inspiração no Covid-19. Acabou coincidindo de lançarmos nesse momento.
Rock Borders: O que a banda Mortal Ways nos reserva para um futuro próximo, dado o fato do último trabalho ter saído recentemente, vocês já estão pensando em algum próximo lançamento?
Gustavo: A idéia inicial era soltar um outro album completo até outubro de 2021, mas estamos reajustando essa data devido a outros compromissos pessoais, agora pensamos em soltar esse album no inicio do ano que vem (2022), temos várias músicas quase prontas faltando alguns detalhes para finalizar o processo de composição.
Rock Borders: Gustavo e Flávio o espaço é de vocês para considerações finais. Muito obrigado por conceder a entrevista e devo lhes parabenizar pelo excelente trabalho realizado, pessoalmente gostei muito do que ouvi da banda, em termos musicais e líricos. E tenho certeza que os entusiastas do estilo que não conhecem a banda vão se deleitar com o Mortal Ways. Um abraço!
Gustavo: Quero aqui agradecer em nome do Mortal Ways pelo espaço e muito obrigado pelo apoio e por curtir as músicas! Um grande Abraço!
Flávio: Também agradeço muito pela oportunidade. É sempre um prazer conversar sobre a Mortal Ways e sobre o Metal de uma maneira geral com a mídia do underground, que faz um trabalho impecável no apoio às bandas independentes! Nossas músicas estão disponíveis em todas as plataformas de streaming e em formato físico também. É só entrar em contato conosco pelas redes sociais. Um abraço!
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