Saudações a todos leitores do Rock Borders Webzine!
Estou aqui para falar de uma banda que não é apenas mais um nome no cenário do underground nacional, mas de um trio que desde os seus primórdios trabalha com uma seriedade ímpar, e conseguiu conquistar, com muita garra e esforço, diversos feitos importantes no cenário, façanhas como lançamentos bem sucedidos, shows no exterior e principalmente a atenção e aceitação do público. É importante destacar essas questões, pois sabe-se que estar na cena do Metal Extremo e se manter ativo na mesma é uma tarefa hercúlea, e digo isso devido a diversas questões, que vão desde o preço dos instrumentos musicais, da valorização dos artistas pelo público e mídia, e há também a questão da dificuldade de se encontrar músicos habilitados para constituir uma banda e tocar esse tipo de som, que nesse caso é o mais ríspido Thrash Metal, que é apresentado aqui com influências (de muito bom gosto) de Death Metal e também com pitadas de Hardcore.
Bem, a essa altura você já sabe de que banda estou falando, pois com certeza deve ter lido o título da matéria, mas antes de dar continuidade, vou fazer a devida apresentação: é claro que se trata de ninguém menos que o longínquo e famigerado trio gaúcho, Losna!
Para ser honesto, tive meu primeiro contato com a banda através de resenhas, mais precisamente na (finada) revista Valhala, lá nos idos de 2004/2005, mas confesso que fui conhecer o som do trio um pouco depois, mais precisamente com o álbum “Wild Hallucinations” de 2007, que foi gravado pelas incansáveis irmãs, Fernanda (vocal e baixo) e Débora Gomes (guitarras e vocais de apoio), além do baterista Marcelo Índio.
O album é uma grata surpresa, trazendo elementos do Death Metal “Old School”, no estilo praticado por bandas como Death, Obituary e Bolt Thrower, além da majoritária “pegadona” do Thrash Metal alemão, de bandas como Kreator e Destruction, por exemplo, essas últimas influências ficam bem óbvias na performance vocal, principalmente quando Fernanda usa sua impostação mais “rasgada”. O trabalho possui uma produção um tanto quanto rústica, mas de maneira alguma isso é um empecilho, sendo possível ouvir cada detalhe dos instrumentos e vocais de maneira bem clara. O disco é o primeiro “full-lenght” da banda, que saiu alguns anos após a demo “Bitter Flavours”, e só para deixar claro, a banda está na ativa desde 2004, fazendo da Losna um exemplo de resistência e longevidade no underground nacional.
Mediante diversas apresentações pelo estado do Rio Grande do Sul, sempre viscerais e enérgicas, demonstrando o poderio cruento do grupo, sempre com todo o sarcasmo e rispidez, que são características do trabalho lírico da Losna, a banda, após contar com a gravação de dois videoclipes (para as faixas “Grotesque Life” e “Slowness”), então seguiu firme até 2011, ano de lançamento do segundo disco, intitulado “Distilling Spirits”. O album é uma obra que nos apresenta um show de coesão, com produção mais refinada, e faixas ainda mais diretas, com destaque para o excelente trabalho vocal da Fernanda, se bem que nesse album fica complicado apontar êxitos em específico, já que a obra por si só é bem completa e satisfatória num âmbito geral. O trabalho gráfico foi aprimorado e as músicas são variadas. O ônus maior do trabalho é ser um disco que não cansa, e faz o ouvinte querer colocar para tocar repetidas vezes o petardo lançado pelo trio. O trabalho também contou com um vídeo para a faixa “Room 55”.
Caminhando para o ano de 2015, a banda surge com o album “Another Ophidian Stravaganza”, que impressiona logo de cara com o trabalho gráfico caprichado e que já demonstra que coisa boa está por vir. E logo na faixa de abertura, “Amaro Sapore”, nos deparamos com o que de melhor a banda tem a oferecer, e pasmem, que grande salto! O que já era bom, aqui nesse disco aparece com mais excelência ainda, desde a produção, até a timbragem dos instrumentos e a masterização, que não perdem em nada para qualquer trabalho de grandes bandas “gringas” do estilo. Nesse disco o ouvinte vai se deparar com variações de andamento entre as composições, e uma excelente performance registrada por todos musicistas, além de um vocal ainda mais raivoso. Ao decorrer do album podemos nos deparar com ótimos riffs e linhas de bateria muito coesas, que conferem ao material uma tremenda potência sonora. O trabalho figurou entre os melhores do ano, o que não é surpresa, pois com a seriedade e competência qual o disco foi tratado, seria até uma grande injustiça se fosse diferente. O álbum ainda ganhou um vídeo para a ótima canção, “Back to Grotto”.
É interessante explicitar também que a banda teve participações em diversas compilações respeitadas, como a “Rock Soldiers” (vols. 10, 12, 20), “Brazilian Metal” (III), entre outras, e no ano de 2018 se apresentou no exterior, mais precisamente no Uruguai e Argentina.
Após cinco anos, em 2020, e nesse ponto já somando dezesseis anos de atividade, a banda Losna novamente brinda ao público (com cálice de ouro) mais um petardo de tirar o fôlego. Dessa vez o lançamento se deu através do selo “True Metal Records”. O trabalho se trata de um album conceitual, retratando diversas modalidades de lutas, e aqui cito as eloquentes palavras apresentadas no “press release” da banda “a vida é uma constante batalha”, o que não poderia ser mais verdadeiro e coerente. O album intitulado, “Absinthic Wrangles”, é um “must” para qualquer headbanger que se preze ter que colocar gelo no pescoço após bater (furiosamente) cabeça em faixas que destilam fúria absurda, além da atitude, características que desde os primórdios da banda sempre estiveram presentes.
Para encerrar, felizmente, após esse caótico período da pandemia mundial do Corona Vírus, teremos o retorno da Losna aos palcos, agora com Mateus Michelon assumindo as baquetas. As apresentações ocorrerão no final desse ano (2021). Anote aí as datas: em Tubarão (SC) no dia 11/12, Porto Belo (SC) em 12/12, e no dia 19/12 teremos a banda se apresentando em São Leopoldo (RS), não ousem ficar de fora!
Como considerações finais, digo que é gratificante escrever sobre uma banda que tem trabalhado com afinco há tantos anos em prol do underground, e é uma baita amostra de postura e atitude, e que serve, com toda certeza, de exemplo de como nosso underground é rico em excelentes bandas, que inclusive não perdem em nada para as bandas de fora (como alguns alienados insistem em pensar). No caso, para bandas e artistas, fica a dica de não desistir de seus ideais, sempre buscando investir em qualidade e excelência, na medida do possível, ainda mais nos dias de hoje, que apesar das dificuldades, é muito mais fácil gravar um disco com qualidade.
Para finalizar; com toda certeza podemos dizer que a banda vai continuar a nos trazer muito material de excelsa qualidade e ainda vai fazer muita gente bater cabeça com sua excelente música. Longa vida ao Losna, e longa vida ao underground nacional.
Agradecimentos:
Venderlei Castro (Bangers Beer, Podcast Long Live Metal)
Flavio Soares (Assessoria)
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