Formada atualmente por Thiago Soares (vocal), Cleber Roccon (guitarras, Pedro Amaro (bateria) e Ricardo Santos (baixo), a banda Anguere de Rio Claro/SP já está há mais de dez anos, treze, para ser mais exato, no cenário underground mostrando, cada dia mais, a que vieram. Com uma mistura poderosa entre a fúria do HC e a técnica do Thrash Metal, o que encontramos nos sons desses caras é brutalidade, coesão e acima de tudo um forte comprometimento em manter firmadas suas raízes, fazendo sempre um som que demonstra a personalidade própria da banda, fazendo da mesma não apenas mais um nome no "compêndio" do cenário da música pesada nacional. Fiquem de olho na entrevista, e ouvidos abertos para o som desses brothers!
Rock Borders: Saudações, Thiago, Cleber, Pedro e Ricardo! Antes de mais nada, é um grande prazer poder receber a Anguere aqui no Rock Borders.
Thiago Soares: Nós que agradecemos a oportunidade e o espaço que o Rock Borders nos deu para contarmos um pouco dos nossos treze anos de caminhada, e mostrar nosso trabalho para quem ainda não conhece!
Rock Borders: Para começar, a banda já é relativamente longeva, vinda dos idos de 2008 e continua firme no cenário. Sabendo das dificuldades que o underground apresenta, qual o segredo de vocês para se manterem firmes há mais de dez anos fazendo música pesada?
Thiago: Mano, temos treze anos de estrada, já passamos por todo tipo de situação que você pode imaginar, boas e ruins! Creio que essa longevidade se dá ao fato de nós do Anguere não nos importamos com criticas vindas de pessoas que não sabem, e nem imaginam, o que passamos e estamos passando nesses treze anos anos! Não ficamos com "picuinhas" dentro da banda e cada um faz sua parte! Nosso foco é fazer Metal/Hardcore, falar das nossas vivências e dificuldades que esse governo, e tantos outros, nos proporcionam e proporcionaram! Então podemos dizer que essa longevidade vem da nossa sinceridade e muito trabalho!
Rock Borders: O primeiro disco da Anguere, auto-intitulado, foi lançado em 2009 e possui músicas cadenciadas e que apostam no groove e no peso como carro chefe. O trabalho ainda possui uma mixagem e masterização bem coesa, que deixou os instrumentos bem "na cara", além de uma bela capa. Como foi o processo de composição e gravação do album? Aproveito aqui para destacar minha favorita, "Caos".
Cleber: O processo de composição foi e é simples, nós reunimos a banda, cada um dava uma ideia e as juntávamos pra elaborar os sons! Aí, com muito ensaio, conseguimos criar esse album, lembrando que antes, a banda não tinha se apresentado ao vivo, então fomos direto ao estúdio pra gravar os sons. Na primeira vez não conseguimos gravar nada, voltamos novamente e conseguimos gravar, então só começamos a nos apresentar quando já estávamos com os sons gravados. Confesso que "Caos" é uma música que trouxe bastante críticas boas, inclusive apresentamos ela no "Festival da Canção" em Rio Claro/SP, quem quiser, pode conferir no YouTube em nosso canal, foi uma apresentação memorável, éramos a única banda no estilo, o público ficou sem reação.
Rock Borders: Como foi o respaldo do primeiro disco na época de seu lançamento?
Cleber Roccon: Nesse album ainda éramos uma banda jovem! Rendeu boas críticas no meio underground, distribuímos gratuitamente ou por valores simbólicos em shows. O disco também nos proporcionou bons shows em Rio Claro/SP e região.
Rock Borders: Em relação aos shows, e pergunto desde os primórdios da banda até os dias de hoje, como geralmente é o respaldo do público para o som da Anguere? Já que a banda possui um som que instiga até o mais tímido dos espectadores para entrar numa bela roda de "mosh" (risos) (obviamente não incluindo o momento atual da crise da Covid-19).
Thiago: Bom, nossas apresentações sempre são impactantes! Quem vai aos shows do Anguere não se decepciona! Somos uma banda de Thrash/HardCore mas também trazemos outros estilos para nossas musicas! Eu, como vocalista, que estou ali na frente vendo o publico, tenho a sensação de dever cumprido, sinto a "vibe" que rola! Nosso público demonstra bastante apoio a banda! Podemos destacar aqui dois shows que fizemos no Equador, onde o público foi insano, estava entupido, corpos saindo pela janela (risos), o "mosh" rolou solto a apresentação toda!
Rock Borders: Dando um salto imenso na sonoridade da banda, o disco "CHOQUE" (2015), apresenta músicas mais rápidas, ainda conservando certas características da banda intactas, mas mantendo o foco em um som mais voltado para o hardcore. Quais foram os motivos para essa mudança na sonoridade? Aliás, uma rápida avaliação minha sobre o disco: a produção está mais refinada, o que até é natural, e a capa mais uma vez caprichada, parabéns.
Thiago: Cara o primeiro ponto e mais importante, foi a troca de um dos integrantes, tendo o novo músico trazido ideias novas e também sentíamos a necessidade de mudanças no som, o que levou a essa grande diferença em nosso estilo e peso! Quanto a produção, claro, mudanças requerem mais mudanças (risos), trocamos o estúdio onde gravamos o primeiro album, e também a banda já estava mais madura! Decidimos deixar esse álbum, “CHOQUE”, mais agressivo e rápido, e vocês podem conferir o resultado no disco!
Rock Borders: O ao vivo "Webcast" (2018) é um espetáculo de brutalidade, trazendo a canção inédita até então, "Molotov", que aliás me lembrou muito o Napalm Death e o Ratos de Porão, e mostra um flerte legal com o grindcore, explicitando mais uma vez a versatilidade da banda, e mostrando que a banda é fidedigna ao que faz em estúdio. Quais as considerações da banda em relação ao trabalho?
Cleber: Esse trabalho foi uma parceria muito massa com a galera do Bullyng HC! Não nos conhecíamos, os contatos foram feitos pela internet, quando chegamos lá foi só alegria, o pessoal foi muito gente boa, tanto que fluiu naturalmente! Tínhamos acabado de assumir essa formação de "power trio" sem baixo! Sobre “Molotov” e nosso flerte com o grindcore, aconteceu que queríamos fazer músicas mais rápidas e pesadas. Isso vocês podem ver em músicas do álbum "Choque" como "HCRC", "Campo Minado" entre outras. Nesse trabalho "ao vivo" queríamos mostrar que essa formação sem baixo traria um som tão brutal quanto antes.
Rock Borders: Quais foram os motivos que levaram a Anguere a mudar a formação?
Thiago: Maluco, foram “N” motivos: falta de comprometimento, problemas pessoais, mudanças necessárias e muita vontade de que o Anguere se tornasse uma banda de renome no underground! Nosso sonho é que nossa banda seja conhecida e que participe de festivais ao lado de grandes bandas do undergrond! Para isso alguns membros originais ficaram pelo caminho. Foram mudanças necessárias até que a banda se encontrasse nessa formação de hoje, comigo nos vocais, Cleber Roccon na guitarra, Pedro Amaro na bateria e Ricardo Santos no baixo! Podendo dizer hoje, que essa é a melhor formação até o momento!
Rock Borders: Sobre o EP "Castigo" de 2020, notei que a produção está num nível talvez até acima dos outros trabalhos, sem desmerecer o que havia sido feito outrora, mas percebe-se a superioridade nos timbres dos instrumentos e na masterização. Como foi o processo de gravação e composição desse trabalho?
Pedro Amaro: Sim, o Anguere no EP "Castigo" já estava reformulando a banda, não apenas com a mudança de integrantes, mas como a administração total; o investimento para um trabalho melhor e mais profissional, assim como o Anguere merece e vem trabalhado muito tempo pra isso, o que resultou nessa melhoria. Investimos não apenas na questão financeira (que, aliás, necessitou de muito suor e dedicação), mas também investimos tempo, estudo e muito ensaio para entregar o melhor para todos que acompanham a banda, tanto na sonoridade, quanto na dedicação de todos envolvidos no trabalho.
Rock Borders: Qual é a visão de vocês em relação ao cenário nacional. E como foi "sobreviver" ao período de pandemia, que ainda está aí, mas parece que em breve estaremos de volta ao (quase) normal?
Ricardo Santos: O cenário brasileiro é abundante de cultura, a diversidade e regionalidade favorecem a arte, trazendo crescimento e desenvolvimento, assim vemos um cenário cada vez mais fortalecido. Durante a pandemia pudemos finalizar o nosso novo album, que tem previsão de lançamento para outubro/novembro, além disso iremos fazer o lançamento do videoclipe "Truculência" single deste trabalho. Um período muito difícil para todos, e assim caminhamos para esse "novo normal", vida longa Hardcore.
Rock Borders: Para encerrar, muito obrigado pela entrevista. Recomendo aqui ao leitor que ouçam a banda, pois vale muito a pena, e o espaço é de vocês para considerações finais.
Pedro e Ricardo*: Agradecemos todos da equipe da banda, principalmente as pessoas por trás dos bastidores, como produtores, donos dos estúdios que apoiam o Anguere, a galera que tem acompanhado a banda e nos dado qualquer tipo de apoio! Agradecemos todo apoio gringo também da "molecada" de todo o mundo que sempre nos mandam mensagem (thanks for all support around the fucking world! You guys rocks! Love you ALL!). Vale lembrar que os nossos trabalhos, podem ser encontrados nas diversas plataformas digitais disponíveis, escolha sua preferida e de o "play", e não deixe de nos seguir nas mídias sociais para ficar por dentro dos próximos eventos e também das novidades. Agradecemos ao Rock Borders pelo espaço, pelo tempo, o respeito, e a destinada ao underground!
Pra cima todo mundo! "Mete o Loko"!
*A entrevista foi realizada por documento de texto, possibilitando que ambos os integrantes pudessem elaborar a resposta juntos.
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