quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Losna: Wild Hallucinations (2007)

Pegue o "Endless Pain" do Kreator, misture um pouco de Destruction, Possessed, entre outras bandas nessa linha, e você terá a PANCADA que é esse disco. "Wild Hallucinations" (2007), já mostrava o que de melhor as irmãs Débora (guitarra e vocais de apoio) e Fernanda Gomes (baixo e vocal), sem se esquecer do baterista Marcelo Índio, tinham a oferecer (e ainda tem). Os vocais de Fernanda são a amálgama perfeita entre o timbre dos vocalistas Mille Petroza e Jurgen "Ventor" Reil e Marcel Schimer, das supracitadas bandas alemãs Kreator e Destruction, respectivamente.

A faixa de abertura, "Grotesque Life" (faixa detentora de um videoclipe, diga-se de passagem), já nos deixa a dica que esse trabalho permeará por uma sonoridade que não é apenas regada por influências de ótimo gosto, mas que também está chafurdado (no bom sentido) em personalidade. O som da banda pode facilmente ser definido como um Thrash Metal com fortes características de Death Metal "Old School", e o primeiro som já nos surpreende com muitas variações de tempo e ritmos, além de uma excelente performance vocal de Fernanda, que também realiza um trabalho muito marcante no baixo do som. 

O trabalho segue, e não dá para deixar de se lembrar dos albums clássicos da sagrada trindade do Thrash Metal alemão (Sodom, Kreator, Destruction), mas a Losna apresenta (que me perdoem os saudosistas) muito mais variedade em seu som, até que nossos queridos devoradores de chucrute (risos). Eu poderia citar dezenas de bandas de Death ou Thrash Metal "Old School", mas na faixa "Cloacina" (terceiro som), já ficou claro o que o início do disco já dava indícios: que banda iria nos brindar com muita personalidade, e seu estilo, apesar de forjado com base em grandes nomes já aqui citados, não nos deixa dúvidas de que nesse, que é o primeiro "full-lenght" da Losna, a banda já sabia o que queria e o que estava fazendo, e ao decorrer do disco, vamos notando toques muito bem sacados de Hardcore, claro que estamos aqui falando de bandas como Madball, Suicidal Tendencies, entre outros representantes do estilo.  

Chegando até a faixa "Slowness", qualquer um que tiver um pouco de bom senso musical, já vai ter se dado conta da qualidade do disco, sobre o som recém citado, com seu teor lírico "etílico", também ganhou um vídeo muito bacana e bem produzido. Aqui nos encontramos quase na metade do trabalho, e é importante frisar, que os sons não são cansativos, e quem colocar o trabalho para tocar, vai poder sentar, e desfrutar de sua bebida, seja absinto ou cerveja, tranquilamente, sem se preocupar em pular trechos ou faixas, muito pelo contrário, a cada som a sensação de satisfação de estar diante de um bom trabalho vai só aumentando. 

Seguindo:

A interessante instrumental "Never Told Me", se inicia com uma introdução poderosa de baixo, logo acompanhada pela pesada levada de bateria de Índio, com o baixo desferindo excelentes linhas melódicas, e logo a guitarra já entra, imponentemente, com bases e riffs cortantes. O som apresenta aquelas típicas "paradinhas" do Thrash Metal e também do Hardcore. Um diferencial bacana para o album essa "pedrada" instrumental. A faixa subsequente, "Never Told Me", dá quase a impressão de que teremos uma continuidade do som anterior, mas ledo engano, o intrincado som, mostra que apesar do disco ter muitas variações, é também paradoxalmente homogêneo, de uma maneira boa, é claro, já que as características que moldam o trabalho são muito marcantes, e demonstram pitadas de todas as já explicitas influências supracitadas, mas acima de tudo o estilo "Losna" de se praticar Thrash/Death/HC.

Segui escutando o album novamente, e entre boas memórias, percebi que fazia um bom tempo que não dava o "play" no "Wild Hallucinations", e percebi o quão impactante esse trabalho é. Chegando na penúltima canção, a "The Evil Eye", me lembrei que esse costumava ser meu som favorito do album, e aos meninos (as) moderninhos de plantão, que com o advento de plataformas de streaming, saem consumindo apenas músicas aqui e acolá, me resta sentir pena, sem querer ser saudosista, mas já sendo: por favor, esse costume deve urgentemente ser abandonado, ou vocês perderão a maravilhosa oportunidade de apreciar grandes obras por completo, o que é uma experiência muito prazerosa, prática que está sendo abandonada até pelos "headbangers das antigas". Lógico que não quero nortear absolutamente ninguém, e só estou compartilhando uma opinião pessoal, mas após a última faixa, "Bloody Love", cantada mais melodicamente por Fernanda, que para deixar claro aqui, é uma das grandes responsáveis pelo êxito do trabalho, tanto pelas linhas de baixo, quando por sua performance vocal no disco, fica aquela sensação prazerosa de completude, talvez seja apenas algum devaneio bobo meu quando ouço trabalhos que me agradam em sua totalidade. Só continuando sobre os êxitos, a verdade é que não consigo efetivamente destacar nenhum dos músicos, apesar de ter citado a performance da baixista e vocalista Fernanda, pois, pensando de forma mais racional, a competência dos envolvidos nesse trabalho é extremamente equilibrada, e de altíssimo nível, sem demagogia, e distante desse propósito. 

Para encerrar, eu deixo aqui explícito que sou um pouco suspeito para falar do trabalho, pois o mesmo possui uma grande carga nostálgica para mim, mas tentei ser o mais transparente possível nessa resenha. Enfim, esperem por vocais ríspidos, andamentos caóticos, peso descomunal, "alavancadas" matadoras, e por um disco que não decepciona. Um excelente debut, e que apesar do passar dos anos, não perdeu nem um pouco do impacto. Extremamente recomendável! E se preparem, pois estou terminando a resenha de todos os discos do trio, para embarcarmos juntos na discografia dessa excelente banda gaúcha.








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