segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Renan Lourenço: A Mente Genial a Frente do Disco "Inception"

Está cansado de guitarristas virtuosos arrogantes e que não "jogam" pela música, mas sim por seus egos? Pronto! Você já pode deixar os seus CDs desses caras empoeirando para sempre e escutar material novo, aqui vai a dica: "Inception" (2021) do guitarrista Renan Lourenço. Com exímia qualidade técnica e de produção, além do artista em questão já ser referência nacional no instrumento, ainda temos a participação de uns caras que eu acho que ninguém aqui ouviu falar (risos) como: Edu Ardanuy (solo, ex-Dr. Sin, The Key, Anjos da Noite) e Derek Sherinian (solo, Sons of Apollo, Alice Cooper, Kiss, ex-Dream Theater, e outros projetos), entre demais convidados. Com humildade e simpatia, Renan Lourenço aceitou nos conceder essa entrevista, e sem mais delongas, vamos ao papo! 

Rock Borders: Renan, obrigado pelo seu tempo, antes de mais nada! O album está sensacional, sem demagogia, é uma obra que empolga muito, e possui grandes composições. Para iniciarmos a entrevista, você poderia nos contar um pouco sobre o processo de composição dos sons que integram o "Inception"?

Renan Lourenço: Primeiramente muito obrigado pela oportunidade! É uma satisfação trocar uma idéia com você, e como sempre digo, são brothers assim como você que faz nosso esforço e trabalho valerem a pena, obrigado pelo interesse e pela força!

Bom, quanto ao processo de composição, posso dizer que não segui uma única linha composicional, nem uma forma de criação em específico, mas posso afirmar que foi mais um processo de estudo e dedicação mesmo, composição para mim também é um estudo dentro do campo da música, assim como o estudo da técnica, harmonia e etc. Mas o que posso destacar é o fato de praticamente todas as músicas terem sido compostas em fragmentos, no meu dia a dia, entre as aulas, ensaios, estudos, etc., surgia um riff, uma harmonia, ou uma melodia/tema eu gravava no celular mesmo, para não esquecer, e posteriormente trabalhava e desenvolvia a idéia. Comigo nunca funcionou da composição vir pronta, do nada, baixar um espírito e a música aparecer (risos), sempre foi um processo de sentar a bunda na cadeira e ralar para desenvolver as idéias. Vale ressaltar também que esses "fragmentos" já estavam na gaveta há muitos anos, sempre gostei de criar minhas idéias, desde a adolescência quando comecei a estudar música, e somente agora consegui reuni-las em um "full lenght".


Rock Borders: Você é um artista da MS Metal Agency Brasil, e para muitos no underground, ser agenciado profissionalmente é uma coisa de outro planeta, além disso, seu disco foi lançado pela Alternative Music Records, terá a versão digital pela CD-Baby e a já bem conhecida Voice Music está a cargo do lançamento em CD. Como o Rock Borders trabalha majoritariamente com bandas do underground, você poderia nos contar um pouco como é trabalhar dessa maneira, digo, com agência e vários selos, distribuidoras e gravadoras envolvidas?

Renan Lourenço: Fico muito lisonjeado em fazer parte do cast de artistas da Ms Metal Agency, agência que trabalha ou já trabalhou com nomes como Edu Falaschi, Alírio Neto, Andreas Kisser entre vários outros. Agrega a seu currículo, ajuda na propagação do seu trabalho, na distribuição, bem como agenda de shows e etc. O que não podemos é nos iludir, cruzar os braços e esperar que a agência faça tudo, isso nunca aconteceu e nunca acontecerá, eu tento agir como se fosse um trabalho independente, desde que o disco saiu em maio, reservo várias horas semanais para trabalhar na divulgação do mesmo, graças a Deus tem dado certo, o álbum já recebeu diversas resenhas e matérias nos principais canais do Brasil, bem como América Latina, Estados Unidos e Europa.


Rock Borders: Renan, como foi trabalhar com Eduardo Ardanuy e Derek Sherinian, e qual o seu envolvimento com esses músicos? Vai sair aqui no Rock Borders a resenha também do disco (fiquem ligados), mas como você avalia as performances desses verdadeiros gigantes do Rock mundial, no contexto do disco, obviamente. E quais mais outras participações você destacaria?

Renan Lourenço: Foi um privilégio poder contar com essas duas participações, de duas grandes referências para mim, principalmente Edu Ardanuy, ter esses caras no meu primeiro álbum solo, foi muito mais do que eu mereço, fiquei extremamente grato.

Fiz aulas presencias com o Edu de 2017 a 2018, em sua residência em SP, fora os vários workshops, shows do Dr. Sin e seus cursos online, enfim, sempre acompanhei seu trabalho, ele sempre foi minha maior referência na guitarra rock nacional, e de certa forma ainda é, óbvio que o convidaria para participar do álbum.

Quanto a Derek Sherinian, foi algo totalmente por acaso, não estava nos planos iniciais. Bruno Pamplona, meu parceiro de banda, grande brother, e responsável por todas as baterias do disco, me deu esse "toque" durante as gravações, disse que o Sherinian estava gravando de forma remota, músicas de vários artistas de vários cantos do planeta durante a pandemia, bastaria entrar em contato, enviar o mp3, se houvesse interesse por parte do tecladista ele gravaria. Confesso que não "botei muita fé" de início, parecia algo inimaginável ter a participação de um tecladista com o currículo e gabarito do Sherinian, mas para minha surpresa ele topou, o resultado é a faixa "Mother Nature", que abre o disco.

Edu participa da faixa "Pandemia", essa música compus já pensando em sua participação, e seu solo ficou simplesmente destruidor. "Mother Nature" já havia sido composta quando Derek Sherinian topou participar, eu apenas modifiquei o arranjo, para que houvesse espaço suficiente para o tecladista tocar, o resultado também dispensa comentários (risos).

Entretanto todas as participações no álbum são muito importantes, o disco é solo, mas sozinho eu jamais teria conseguido, e o resultado teria sido completamente outro, todos que participaram de certa forma foram co-autores do album, destaco em especial Bruno Pamplona nas baterias e meu ex-professor Wander Lourenço com um belíssimo solo de guitarra na faixa "La Inspiracion".


Rock Borders: Já não é de agora que Alexandre Bressan e o estúdio "3em1" figuram no Webzine. Como é trabalhar com esse grande produtor e também músico, e até que ponto ter um profissional renomado, como o Bressan, influencia no trabalho? Seja nos resultados das composições ou talvez em algum outro tópico ou conceito. Não podemos deixar de lado as gravações feitas no "High Voltage Studio", pelo também renomado Gustavo Lorio, que ficou encarregado das faixas "Dirty Channel" e a faixa título "Inception". Por qual motivo se deu a decisão de trabalhar em dois estúdios diferentes?

Renan Lourenço: Inicialmente gravei as duas faixas citadas no High Voltage Studio, foram os dois primeiros singles lançados, mas na sequência o Gustavo mudou-se para Europa e eu imediatamente entrei em contato com o Alexandre Bressan. Eu conheço o Bressan há muitos anos, é um dos maiores produtores da região, e para mim um dos maiores do Brasil, ainda tenho a honra de poder dizer que somos amigos. Para minha sorte, além do grande profissional, Bressan também é guitarrista, conhecedor do instrumento e de sua história, muito mais que eu inclusive, portanto foi natural a produção, quanto a escolhas de timbres, mixagens etc., Bressan, sempre com as melhores referências, extremo bom gosto e conhecimento, me senti extremamente a vontade em seu estúdio, as sessões de gravações foram as melhores possíveis. Resumindo, foi muita sorte poder contar com sua produção nas 7 faixas que seguiram.

Rock Borders: Como tem sido o respaldo do trabalho "Inception" num contexto geral? Aliás, é bom frisar que o trabalho rodou o mundo, e está tendo excelente repercussão internacional também.

Renan Lourenço: Para ser bem sincero a repercussão está melhor do que eu esperava ou esperei um dia em meu primeiro album solo. O álbum foi lançado em maio desse ano e em 5 meses já coleciona resenhas, matérias, execução em rádios e web radios dos Estados Unidos, da América Latina como Bolívia, México, República Dominicana, Argentina, Uruguay, Costa Rica etc, na Europa já saiu em sites da Noruega, Espanha, Áustria, Itália, Reino Unido, Bélgica, Eslováquia etc. Aqui no Brasil também saiu nas principais mídias especializadas como Whiplash, Roadie Crew, Collectors Room entre vários e vários outros. Só posso agradecer a todos que de alguma forma ajudaram e/ou estão ajudando a propagar o meu trabalho.


Rock Borders: Como foi participar do 19ª Edição do Festival Online da saudosa revista Roadie Crew? Inclusive devo destacar que a faixa foi "Real Life Dream", com os maravilhosos acordeões de João Salles, que complementaram de forma sublime o som, que começa de maneira progressiva, e esbanja bom gosto e melodias fantásticas, e é um belo exemplo da classe que o trabalho apresenta, na minha humilde opinião. 

Renan Lourenço: Foi muito legal! fiquei extremamente lisonjeado com o convite, afinal acredito que assim como a maioria aqui, cresci lendo a revista e hoje poder estar no line up de um festival da mesma foi muito gratificante. Quanto a faixa citada a escolhi pois acredito que representa muito o meu trabalho como um todo, tem violão nylon, um toque de progressivo e música brasileira, e a participação não muito convencional do acordeon do amigo João Salles, e fico muito feliz que você tenha gostado!

Rock Borders: Bem, essa pergunta é clichê, mas acho conveniente para a entrevista: Renan, quais são suas maiores influências como músico, tanto para tocar guitarra e compor? Aliás, são poucos discos de música instrumental (focados na guitarra) que apresentam esse teor de musicalidade, é notório que as composições harmonizam e dão espaço para os demais instrumentos, e para mim, é o que deixa a audição do album tão agradável e podemos dizer, acessível também. 

Renan Lourenço: Bom primeiramente queria destacar que nós mesmos criamos esse pré conceito e até tabu com música instrumental, principalmente no meio do rock e metal, na minha opinião. Voz para mim é um instrumento, não necessariamente um elemento principal ou primordial em uma composição, óbvio que algumas composições e ou gêneros necessitam ou "pedem" voz, mas para mim não existe isso de "álbum focado na guitarra" ou focado em qualquer outro instrumento, não ouço assim um disco, portanto acredito que foi natural no processo de composição dar espaço para outros instrumentos, pois precisava deles para me expressar e expor as ideías exatamente como estavam na minha cabeça. O que quero dizer é que não foi proposital deixar o álbum "mais acessível" digamos assim, sem solos exagerados e intermináveis de guitarra e virtuosismo, fazer um album para guitarrista ou para músicos nunca foi meu intuito.

Em relação as minhas influências, fica até difícil dizer, são várias, não ouço só rock e metal, tão pouco só guitarristas, mas posso destacar nossos heróis dos anos 70 e 80 como Van Halen, Tony Iommi e Ritchie Blackmore, do hard rock gosto muito de George Lynch do Dokken, do instrumental, Steve Vai, e mais da linha do blues e do fusion, Scott Henderson. No Brasil, Edu Ardanuy e alguns violonistas como Marco Pereira e Yamandu Costa.


Rock Borders: É bacana citar também que você, além de músico profissional, trabalha como educador, e toca na banda Cometz, que faz tributo ao majestoso Queen. Poderia fazer algumas considerações sobre o trabalho de educador e da sua atuação com a banda?

Renan Lourenço: Comecei a dar aulas ainda muito jovem com 17 para 18 anos, no início como uma forma de trabalhar com música tendo em vista que ainda não atuava na noite com bandas, mas que depois acabou virando uma grande paixão, gosto muito de dar aulas de música, principalmente para alunos interessados, dedicados e que amam e respeitam a música assim como eu, até porque acaba sendo uma troca, muitas vezes eu aprendo mais do que ensino.

Quanto ao meu trabalho com a banda Cometz, foi e ainda é outra grande experiência, e tem muita importância e peso em minha formação como músico e guitarrista, já toco com esses amigos há muitos anos e eu valorizo muito o músico atuante digamos assim, que realmente toca, vivemos numa era cada vez mais povoada por músicos youtubers, coachs musicais, influencers digitais e "mentores" de cursos online mas que em sua grande maioria desprovidos de estrada, de palco, de experiência musical, afinal é uma ilusão você achar que tocar trancado em casa e tocar no palco são coisas semelhantes, treino é treino, jogo é jogo...viajar, dormir mal, comer mal, passar som, tirar leite de pedra de muitas vezes estruturas duvidosas de bares e casas de show, animar o público, ter presença de palco, saber montar um bom repertório, enfim tudo que envolve um show, tudo isso fica muito distante de tocar no quarto com backing track em um computador e sua câmera ligada.

Rock Borders: Voltando ao "Inception", não vou adiantar na entrevista os diversos êxitos do trabalho, o que mais me surpreendeu e etc., pois estou preparando uma resenha completa para o disco, e aqui o espaço é seu, mas qual são suas faixas favoritas, ou que foram mais trabalhosas ou mais tranquilas para registrar?

Renan Lourenço: Fica difícil destacar minhas faixas favoritas, fiquei muito feliz com o resultado do álbum como um todo, mas posso destacar a faixa título "Inception" pois foi minha primeira composição, ainda adolescente, e a faixa "Real Life Dream" pelo desafio de introduzir acordeon em um hard rock.

Pelo incrível que pareça as faixas mais difíceis de serem gravadas foram as de violão nylon, "Faca Sem Ponta Não Fere Ninguém" e "Tão Perto, Tão Longe" respectivamente. Não me considero um grande violonista, meu instrumento principal sempre foi a guitarra, mas topei o desafio e fiquei feliz com o resultado, apesar de minhas limitações com o violão.

Rock Borders: E a respeito do trabalho gráfico? A capa do album é muito legal, e foi feita por Fabiano Honório, e acredito que uma boa capa valoriza ainda mais a obra, até porque nos idos das décadas passadas, bem dizer nos guiávamos pelas artes dos discos e CDs para ter uma noção do conteúdo, e quando a música harmoniza com a arte da capa, encarte e etc., o CD, que inclusive anda sendo menos consumidos nos dias de hoje, ganha um espaço a mais no mercado. Mas o ponto que quero chegar é se você de alguma forma norteou a obra do artista?. 

Renan Lourenço: Claro, a arte da capa bem como arte gráfica interna do CD ou vinil está totalmente conectada com a música! Concordo plenamente e sempre me atentei muito as artes dos artistas que admiro. E sim, o desenho foi totalmente norteado e idealizado por mim junto com meu brother desenhista Fabiano Honorio, o conceito seria criar um "ser feito de música", um tronco humano onde os órgãos são instrumentos de teclas e sopros, as veias e ligamentos cabos p10 de guitarra e coisas do tipo, e a cabeça um corpo de guitarra, inspirado em umas de minhas guitarras, tudo isso com uma cara meio progressiva/psicodélica eu gostei muito do resultado, achei que representou muito bem a sonoridade do disco.

Rock Borders: Renan, muito obrigado pelo seu tempo, eu ainda teria mil e uma perguntas para lhe fazer, mas acho que já instigamos o suficiente o leitor para conferir o disco. O espaço é seu para considerações finais ou adendos. E deixo aqui a dica, ouçam "Inception", qualidade garantida! 

Renan Lourenço: Agradeço imensamente a gentileza, foi um prazer! Queria agradecer meus patrocinadores, Oneal Amplificadores, Lojas Sonkey, Hayamax Distribuidora, Hayonik, meu brother Danilo Cassante da Guitar Tuning Luthieria e Wellyngton Silva da Well Consulting. E claro muito obrigado a todos que leram até aqui! Meu album "Inception" está disponível em todas as plataformas digitais, se alguém quiser a mídia física basta entrar em contato comigo, me sigam nas redes sociais, um grande abraço e muito obrigado!





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