terça-feira, 3 de agosto de 2021

Loneliness Observatory: Excelente Projeto de Doom/Gothic Metal com a Vasta Experiência de Vitor Carnelossi (Tragedy Garden)

Vitor Carnelossi é guitarrista e atua no underground há mais de 20 anos. Membro da já lendária banda Tragedy Garden (Doom Metal - Colorado/PR), que está firmemente resistindo a prova do tempo no underground, qual muitas bandas infelizmente sucumbem por questões diversas, Vitor agora lança seu novo projeto, o Loneliness Observatory, qual surpreende com composições extremamente bem estruturadas, com um teor melódico complexo, nos brindando com melancolia e um tétrico genuíno, digno de quem sabe o que está fazendo. Confira mais detalhes sobre essa banda/projeto, que espero muito que tenha vindo para ficar!



Rock Borders:
Bem vindo ao Rock Borders Webzine, Vitor! É um prazer poder lhe entrevistar! Primeiramente, como surgiu a ideia para a banda/projeto Loneliness Observatory,e qual o conceito por trás do nome?



Vitor Carnelossi: Olá Renato, primeiramente agradeço a oportunidade!!! A ideia da banda veio diretamente da necessidade de experimentar uma nova jornada em relação à música, e claro, está ligado ao período de reclusão da qual a pandemia nos direcionou. Além de tudo isso, eu tinha algumas idéias e conceitos que não caberiam nas outras bandas que participo, pois elas já têm seu funcionamento interno estabelecido. Penso que após 20 anos de underground, era hora de buscar uma nova experiência e encarar uma produção atual! 

O conceito do nome foi feito muito tempo antes de eu ter propriamente as composições, eu estava um dia bem distante da cidade e olhei casas e cenas distantes, como sempre eu fui reservado pensei, sou um “Observador da Solidão”. Para dar um sentido mais abrangente e plural, pois muitos são como eu, então cheguei ao nome “Loneliness Observatory”.


Rock Borders: Conte-nos sobre os integrantes e o processo de gravação, e como foi trabalhar com os vocalistas a distância?


Vitor: A produção feita pelo Wesley (Overdrive Music Studio) desde o início já me surpreendeu, e isso exigiu um alinhamento de minha parte para levar o material para um novo patamar em relação a minha ideia inicial. Já com uma excelente captação instrumental para a demo, enviei para o Fábio Andrey (Lost in the Storm) avaliar. O Fábio é um amigo e crítico exigente em relação a produção, quando aceitou colocar sua voz eu sabia que já era um bom indicativo! Estendi o convite a Flávia (Lost in the Storm) que é esposa do Fábio e também dona de uma qualidade vocal incrível, fiquei muito feliz em poder contar com eles, o projeto após a entrada deles ganhou uma nova vida! Quanto a distância (Fábio e Flávia moram na França) foi tudo tranquilo, eles possuem estúdio próprio além de uma experiência irretocável quando o assunto é vocalizações!


Fabio Andrey e Flávia Americano (Lost in the Storm), vocalistas convidados.


Rock Borders: "Dark Horizon" conta com dois sons marcantes e apresenta uma sonoridade consideravelmente pouco explorada no Brasil, uma pena, diga-se de passagem, qual a sua opinião em relação ao quase desdém do público para as bandas underground de Doom e Gothic Metal em nosso país?


Vitor: Cara, eu acho até natural que isso aconteça, pois o Doom/Gothic Metal são estilos que conversam mais com os sentimentos íntimos, são músicas que tem uma conotação bastante específica e exigem alguma interpretação. O Desdém do público não me afeta muito, mais a indiferença de quem faz parte da música, amigos, colegas, conhecidos... esse “desdém” já se torna perigoso se você levar pelo lado pessoal. Por isso, sabendo desde o início que minha música será irrelevante para a grande parte das pessoas que eu conheço, estou muito bem psicologicamente, e isso de maneira alguma me traz um sabor amargo! É importante saber valorizar-se, estou feliz pelo que concebemos!


Rock Borders: Você já tem planos para a gravação de mais algum outro trabalho, como mais singles ou até um EP?


Vitor: Sim, estou trabalhando em novas ideias e pretendo dar sequência no trabalho! Tão importante quanto sonhar é realizar! O Loneliness Observatory é de certa maneira um caminho livre para dar seguir, pois consigo trabalhar de maneira independente e levar as músicas adiante! Não sei ainda se vou trabalhar em um EP ou mais um single, o fato é que seguirei adiante, pois amo fazer música!


Rock Borders: Você pensa em fazer da Loneliness Observatory uma banda, com membros fixos e etc., ou pretende apenas trabalhar sozinho nas composições?


Vitor:Trabalhei nos arranjos sozinho, mas contei com pessoas extremamente competentes para realizar o single “Dark Horizon”, inclusive esse título é ideia do Fábio! Deixei as letras também para ele para haver uma ligação mais emotiva e métrica nas vocalizações! O produtor também teve bastante espaço para imprimir suas características na produção e mixagem. Também contei com o tecladista Junior Araújo, que fez os arranjos de teclados colocando suas ideias para preencher as bases! Acho que funcionou muito bem, todos tiveram seu espaço de criação, mesmo sendo um projeto. Acredito que vou continuar usando essa fórmula, pois o funcionamento de uma banda é extremamente complexo na questão de gerir interesses e personalidades, ainda mais em algo tão específico!


Rock Borders: Mudando um pouco de assunto, como andam as atividades com a banda Tragedy Garden, qual você atua já há muitos anos?


Vitor: O último trabalho gravado pelo Tragedy Garden foi em 2006, ou seja, faz muito tempo! Após a gravação de “Follow the Insanity” tivemos muitas mudanças de formação, e é extremamente complexo conseguir mão de obra em uma cidade tão pequena quanto a nossa (Colorado). Nadando contra a maré, mesmo assim conseguimos sobreviver até hoje, antes da pandemia chegamos a nos apresentar em duas ocasiões e sentimos a antiga magia das apresentações ao vivo! O Tragedy Garden lançou sua primeira demo em 2001, então faz mais de 20 anos desde esse distante começo! Hoje estamos como quando tudo começou, Eu, Marcão e Márcio e estamos tentando organizar para as gravações de faixas inéditas! Tenho muito a agradecer meus companheiros de banda, que desde o começo de tudo proporcionaram o meio necessário para eu me fixar como um guitarrista!


Rock Borders: Para finalizar, sabemos que a pandemia afetou muito mesmo todo o globo. Qual foi o peso e as dificuldades que esse vírus trouxe para suas atividades musicais?


Vitor: Sou solidário a inúmeros locais, bandas, músicos que foram afetados diretamente por esse problema humanitário! Espero que se estabeleçam novamente para que não falte o básico para suas famílias. No meu caso, é claro que perdi oportunidades de tocar ao vivo, ir em shows prestigiar e até a questão de ensaios. Porém, minha força é pra quem depende disso pra viver e comer. Fico muito triste em saber que muitos não irão voltar à cena, muitos perderam a vida com essa grande tragédia.

Rock Borders: Muito obrigado, Vitor! Esperamos em breve ouvir mais trabalhos da Loneliness Observatory, deixo esse espaço para você fazer suas considerações finais.



Vitor: 
Obrigado, grande Renato! Você é um cara que sempre viveu intensamente a música, é um prazer poder contar com você! No mais, estou muito satisfeito em ter concebido o Loneliness Observatory, algo muito sincero de minha parte! Agradeço aos músicos que me ajudaram a gravar esse single, ao Evandro do blog "Microfonia Underground" e a todos que de alguma forma me apoiam como músico! Grande abraço!